Quando cheguei à Irlanda, em 2008, o meu inglês era limitado e o bolso, ainda mais. Trabalhei como garçom em um restaurante no centro de Dublin — não por vocação, mas por necessidade.
Foi ali, entre bandejas e pedidos trocados, que entendi algo que nenhum curso de negócios poderia ensinar: as oportunidades não aparecem prontas; elas se revelam para quem está disposto a observar e agir.
Enquanto servia mesas, eu observava estudantes do mundo inteiro tentando se adaptar, aprender inglês e conquistar espaço em um país que também não era o deles. Vi de perto os desafios de viver fora — o idioma, o frio, a saudade, a burocracia.
E percebi uma lacuna: faltava uma escola que não apenas ensinasse inglês, mas acolhesse o estudante internacional com empatia, estrutura e propósito. Essa percepção simples — nascida da experiência e da escuta — se tornaria, anos depois, o embrião da SEDA College.
Fundar uma empresa em outro país foi, talvez, o maior ato de coragem e aprendizado da minha vida. Descobri que empreender fora do seu território é mais do que abrir um negócio: é reaprender o significado de pertencimento.
Tive que compreender a cultura local, adaptar a comunicação, respeitar as regras e, acima de tudo, ouvir antes de agir. A humildade, mais do que a coragem, foi o que manteve o projeto de pé nos primeiros anos.
A Irlanda me ensinou que o sucesso não é um salto, mas uma construção diária de pequenas vitórias invisíveis. Cada visto concedido, cada aluno que chegava ao aeroporto sem saber o que esperar, cada diploma entregue era mais do que um resultado — era uma confirmação de que o sonho fazia sentido.
Hoje, olhando para a trajetória da SEDA, vejo que a verdadeira oportunidade nunca esteve em ganhar dinheiro ou expandir fronteiras, mas em criar pontes entre pessoas, culturas e sonhos.
A educação internacional é, antes de tudo, uma forma de reconectar o ser humano com sua capacidade de aprender e se reinventar.
Se eu tivesse que resumir o que aprendi nessa jornada, diria que as oportunidades são discretas. Elas se escondem no cotidiano, nas conversas rápidas, nos erros e até nas bandejas que caem no chão.
O que define quem as aproveita não é o acaso, mas o olhar. O mesmo olhar que, um dia, viu na experiência de um garçom em Dublin o começo de uma escola global.




