Quando deixei o Brasil para tentar a vida na Irlanda, descobri rapidamente que o mundo é feito de fronteiras — e de pessoas tentando atravessá-las.
Algumas são físicas, outras são culturais, e a maioria delas está dentro da nossa cabeça.
Mas, ao longo dos anos, aprendi que o papel do empreendedor global não é lutar contra fronteiras, e sim construir pontes.
Empreender fora do país te coloca diante de um dilema constante: você quer inovar, mas também precisa se adaptar.
Quer preservar a sua identidade, mas precisa entender o contexto local. Quer crescer, mas precisa respeitar o ritmo das pessoas.
No começo, é fácil cair na armadilha de enxergar o “outro lado” como obstáculo. Até perceber que é justamente ali, no ponto de encontro entre diferenças, que nasce a verdadeira inovação.
A SEDA nasceu dessa ideia. Quando criamos a escola, nosso propósito nunca foi apenas ensinar inglês — era unir histórias.
De brasileiros, colombianos, coreanos, italianos e tantas outras nacionalidades que chegavam à Irlanda com o mesmo sonho: aprender, se reinventar e pertencer.
Cada sala de aula virou um microcosmo de diversidade, e foi ali que percebi o que de fato significa ser global: não é sobre estar em vários países, é sobre entender pessoas de várias realidades.
Construir pontes significa traduzir culturas. É saber mediar expectativas, respeitar diferenças e transformar a pluralidade em força.
No mundo dos negócios, isso exige empatia, escuta e um senso de humanidade que muitas vezes se perde entre planilhas e metas.
Mas é essa sensibilidade — e não apenas a estratégia — que sustenta empresas que vão longe e times que acreditam no propósito.
Hoje, quando olho para trás, vejo que a maior fronteira que precisei atravessar não foi a geográfica, mas a mental.
Foi aprender que o sucesso global não vem de dominar o mundo, mas de conectá-lo.
E quem entende isso para de erguer muros e começa a desenhar pontes porque percebe que, no fim, é nelas que os negócios, as ideias e as pessoas realmente se encontram.



