Mas depois de anos vivendo e construindo negócios na Irlanda, descobri que a coragem é só o primeiro passo — o que realmente sustenta a jornada é a humildade.
Muita gente acha que o maior desafio de empreender fora do Brasil é a coragem. Coragem para deixar tudo para trás, começar do zero, enfrentar um idioma novo, uma cultura diferente.
Quando você chega em outro país, não importa o título que tinha no Brasil, a empresa que comandava ou o diploma que conquistou. Você recomeça do zero.
E é nesse ponto que muitos desistem porque é difícil aceitar que, para avançar, primeiro é preciso voltar a ser aprendiz.
Eu vivi isso na pele. Trabalhei em funções simples, aprendi pela observação e cometi erros que nunca cometeria se estivesse em casa. Mas foi justamente esse processo que me tornou um empreendedor melhor.
A humildade me ensinou a ouvir, a observar o que funcionava, a entender o comportamento local antes de tentar replicar o que eu achava que sabia.
A verdade é que empreender fora do Brasil não é sobre provar sua bravura, e sim sobre controlar o ego. É saber que você não domina o jogo, que as regras mudaram e que sua melhor arma é a capacidade de aprender rápido.
A humildade abre portas que a coragem, sozinha, não consegue empurrar.
Com o tempo, percebi que a liderança global nasce dessa escuta ativa. Não é sobre impor ideias, mas sobre construir pontes entre culturas.
Quando você respeita o modo como as pessoas pensam, agem e aprendem, o negócio ganha alma — e é isso que faz a diferença.
Hoje, se alguém me perguntasse qual é o segredo para empreender fora, eu responderia sem hesitar: seja humilde o suficiente para aprender todos os dias.
Porque coragem te leva até o aeroporto.
Mas é a humildade que te mantém no caminho.




