O que o caso Americanas deixa de aprendizado?

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O Brasil está acompanhando um caso que realmente chamou a atenção: o rombo de mais de R$ 20 bilhões no balanço das Americanas.

Tudo começou na última quarta-feira (11) quando Sérgio Rial, que tinha acabado de assumir o comando da empresa, renunciou após constatar “inconsistências no balanço”.

Em um evento fechado no BTG Pactual, Rial declarou que o impacto bilionário estava relacionado ao chamado risco sacado, que não era lançado como dívida.

De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o risco sacado é uma modalidade de antecipação de recebíveis.

Mas por que ele não foi lançado?

Bem, é um pouco difícil de entender, mas tentarei ser claro. Ao não  reconhecer o risco sacado na contabilidade, a Americanas apresentou um Ebitda maior do que realmente era.

Para quem não sabe, esse é um indicador que mede o potencial de geração de caixa da empresa. E existem contratos nos quais permite que o credor antecipe suas cobranças se esse Ebtida superar um determinado valor.

Logo, a maquiagem servia para que não houvesse essa antecipação de cobranças, e nem mesmo uma desvalorização abrupta das ações, colocando assim a saúde financeira em risco.

O resultado foi desastroso. Ao ser desmascarado o balanço, as ações da empresa caíram vertiginosamente, ainda que ela tenha agido rápido em um pedido de liminar para que os credores não avançassem sobre o caixa da empresa.

E o que isso traz de aprendizado?

Ao meu ver, como administrador, o primeiro aprendizado consiste em como a alavancagem pode comprometer os resultados da sua empresa.

Além disso, um outro aprendizado que fica é que quando o negócio precisa de cada vez mais dinheiro de terceiros para girar, algo está errado.

Nesse momento, os gestores deveriam fazer uma reestruturação do negócio, avaliar onde deveriam ser realizados cortes e até mesmo repensar a estratégia.

Não tem como defender o que foi feito. Em português claro, o que aconteceu foi: maquiaram um rombo na contabilidade para evitar a recuperação judicial. E no final ela chegou da pior forma possível.

Se não houvesse a maquiagem contábil…

Acredito que se não existisse essa maquiagem, os próprios gestores teriam mais clareza do buraco que a empresa estaria entrando e talvez ela não chegasse a esse ponto.

Por isso, o importante é nunca se enganar, e tentar enganar os outros. Quantas pessoas serão prejudicadas agora nesse processo de reestruturação da empresa?

Ainda é impossível saber, pois estamos só no início de todo o processo. Pode ser, e assim torço, que o estrago não seja tão grande e a empresa consiga se recuperar.

Mas o aprendizado que fica, é a importância da transparência, sejam dos gestores, diretores e também da empresa de auditoria responsável por auditar os balanços da companhia. Nesse jogo, não existe um só culpado.

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