Desde que fundei a SEDA, uma das coisas que mais me inspira é observar como as pessoas lidam com as próprias limitações.
Ao longo dos anos, vi estudantes chegarem à Irlanda com os mais variados desafios: o medo de não se adaptar, a falta de domínio do idioma, as dificuldades financeiras, a saudade da família.
Alguns desistiram no meio do caminho, mas muitos outros — talvez a maioria — encontraram nas dificuldades um ponto de virada.
E foi convivendo com eles que aprendi algo que nenhum livro de gestão ensina: os obstáculos não são o fim da jornada, são o início de uma nova forma de enxergar o mundo.
No começo, a diferença entre quem avança e quem desiste parece sutil. Todos enfrentam medo, incerteza e cansaço.
Mas há algo especial em quem decide transformar a dor em aprendizado.
Esses alunos não negam as dificuldades — eles as ressignificam. Aprendem a rir dos próprios erros, a buscar ajuda, a tentar novamente.
E, aos poucos, percebem que o aprendizado vai muito além da gramática ou da pronúncia: está em desenvolver resiliência, empatia e autoconfiança.
Lembro-me de um aluno que chegou aqui sem falar uma palavra de inglês e, em poucos meses, começou a dar palestras para outros estudantes.
O que o transformou não foi o método nem a facilidade com o idioma, mas a atitude.
Ele encarou cada erro como um passo e cada obstáculo como uma oportunidade de se tornar melhor.
Essa postura é o que define o verdadeiro aprendizado — dentro e fora da sala de aula.
Com o tempo, percebi que essa mentalidade é o que também sustenta qualquer empreendedor ou líder. É fácil seguir quando tudo flui, mas o verdadeiro crescimento acontece quando somos desafiados.
Os alunos que mais me marcaram foram justamente aqueles que chegaram em seu limite e, mesmo assim, encontraram forças para seguir.
Eles me lembram todos os dias que a educação é muito mais do que transmitir conhecimento: é ensinar as pessoas a acreditarem novamente em si mesmas.
Hoje, quando vejo um estudante se formar, sei que o diploma representa apenas uma parte da história. O verdadeiro valor está nas vezes em que ele pensou em desistir e escolheu continuar.
É ali que mora a transformação.
Acredito profundamente que cada obstáculo traz em si uma oportunidade — mas só quem tem coragem de olhar com humildade e persistência é capaz de enxergar isso.
Observar essas histórias me faz lembrar por que comecei a SEDA: para criar um ambiente onde as pessoas não apenas aprendam inglês, mas aprendam a recomeçar.
Porque, no fim, é isso que a vida exige de todos nós — a capacidade de transformar as dificuldades em combustível para seguir adiante, com mais propósito, maturidade e fé no que ainda está por vir.




