Ninguém gosta de admitir, mas todo empreendedor já pensou em desistir. Eu também. E não foi uma nem duas vezes.
Foram várias. Momentos em que o peso parecia maior do que a força, em que as contas não fechavam, em que as incertezas gritavam mais alto que a motivação.
A diferença é que, com o tempo, aprendi que esses momentos não são o fim da jornada — são parte dela. Desistir é uma tentação que visita quem realmente está tentando algo grande.
Lembro bem das primeiras fases da SEDA, quando tudo parecia dar errado ao mesmo tempo.
O modelo ainda não era sustentável, o time era pequeno, e a burocracia de empreender em outro país parecia interminável.
Havia dias em que eu me perguntava se valia a pena continuar, se o sonho de construir uma escola global de educação não era grande demais para mim. Hoje, olhando para trás, percebo que foi justamente nessas fases que aprendi as lições mais valiosas.
A primeira delas é que o desânimo não é sinal de fraqueza — é um lembrete de que você está se importando.
Quando a jornada é significativa, é natural sentir medo, dúvida e cansaço. O problema não é pensar em desistir; o problema é acreditar que isso é o fim.
Aprendi a encarar esses momentos como pausas necessárias, não como derrotas.
Em vez de desistir, às vezes o que eu precisava era apenas respirar, me reorganizar e lembrar por que comecei.
Outra coisa que aprendi foi que as maiores viradas vieram depois dos piores dias. Quase sempre, quando a vontade de parar era mais forte, o caminho estava prestes a abrir.
É como se o universo testasse o quanto você realmente quer aquilo.
E foi ali, nas madrugadas de incerteza, nas conversas internas em silêncio, que encontrei o tipo de fé que não vem de fora, vem da convicção de que o propósito ainda faz sentido, mesmo quando o resultado ainda não apareceu.
Esses momentos me ensinaram também a confiar mais nas pessoas e a pedir ajuda.
Empreendedores têm o hábito de carregar tudo sozinhos, como se admitir cansaço fosse uma falha. Mas aprendi que a força está justamente em reconhecer limites e buscar apoio.
Muitas vezes, o que me impediu de desistir foi ver a dedicação da equipe, o brilho nos olhos dos alunos, ou até um simples “obrigado” vindo de quem foi transformado pelo que criamos.
Hoje, sei que cada vez que pensei em desistir, algo em mim se transformou. Esses momentos moldaram a minha paciência, minha resiliência e, principalmente, meu propósito.
Descobri que o sucesso não é feito apenas de conquistas, mas também das vezes em que decidimos continuar mesmo sem garantias.
Se tem uma coisa que aprendi nesses anos é que quase desistir faz parte de crescer.
Porque é nesse “quase” que a gente se redefine, se fortalece e aprende o que realmente importa.
E, no fim, talvez seja exatamente isso que separa quem sonha de quem realiza: a coragem de continuar, mesmo quando tudo dentro de você pede para parar.




