Recentemente escrevi um artigo falando sobre o lamentável episódio de racismo que foi vivenciado em uma partida de futebol envolvendo o jogador Vinícius Júnior.
Hoje eu quero mostrar que o investimento social de uma organização pode ser uma arma importante contra todo e qualquer racismo. Ao contrário do que alguns dizem, as ações afirmativas ajudam a diminuir o racismo estrutural no país.
Eu sou defensor delas há algum tempo. Inclusive apoio várias causas que envolvem ações afirmativas, principalmente startups que possuem algum tipo de ação nesse sentido.
Por que o investimento corporativo é uma arma contra o racismo?
Você deve estar se perguntando, por que o investimento corporativo é uma arma contra o racismo? A resposta para essa questão é muito simples. Afinal, basta olhar para alguns dados da sociedade brasileira.
Para se ter uma ideia, 56% da população do país é autodeclarada negra ou parda. E sabe qual é o percentual que os negros e pardos ocupam no alto escalão de uma empresa? 4,8% somente. Esse é um dado triste, não é mesmo?
Isso acontece porque não há igualdade de oportunidades. A maioria dos negros e pardos nascem na periferia, enquanto a classe média alta é composta exclusivamente por brancos.
Dessa forma, como a educação pública no Brasil deixa a desejar, o que acontece é que as melhores vagas do mercado são ocupadas por brancos. Repare que sem ações afirmativas não há como melhorar a estrutura social.
A importância do investimento social corporativo
Em vista do que eu disse acima, fica claro que investir em ações afirmativas é colaborar para a diminuição da desigualdade no país. Por exemplo, se você tem 90% da sua diretoria composta por brancos, como mudar isso?
Não há outra maneira a não ser começar a fazer programas afirmativos até que os percentuais se igualem. Somente depois disso é que as ações afirmativas deixam de ter sentido, pois a sociedade já estará mais plural.
Dessa forma, na medida em que as ações são realizadas, os negros e pardos vão ocupando cargos melhores, vão mudando sua condição de vida, e os seus filhos vão tendo melhores oportunidades no ponto de partida.
Aí sim podemos entrar na meritocracia. Todos sairão do mesmo ponto e por isso não precisarão de nenhuma ação afirmativa. Até lá, no entanto, é crucial pensar em soluções para esse tipo de problema.
Marketing social + mudança estrutural
Quando você investe em programas como esse, além de ter um excelente marketing social para sua empresa, ainda está contribuindo para a promoção de uma mudança estrutural profunda no país.
Os programas de cotas nas universidades já são o início dessa transformação, mas se a iniciativa privada também trabalhar nesse sentido, em poucas décadas teremos uma maior pluralidade em todos os cargos dentro da organização.
O resultado é que o racismo estrutural vai deixando de existir. Esse racismo é muito pior do que aquele que é praticado diretamente contra uma pessoa, pois faz os negros e pardos desse país sofrerem de forma oculta. E você pode mudar essa situação.