Um dos temas que mais chamou a atenção das pessoas nos últimos anos é sobre a hegemonia nos cargos de liderança dentro das grandes empresas.
A maioria deles é ocupado por homens brancos, vindos da classe média alta. Esse retrato, hoje estampado com clareza, principalmente nas organizações ligadas ao mercado financeiro, deixou muitos indignados.
A mim não me surpreendeu muito. Como desde cedo fui muito aplicado, ganhei bolsas de estudo, tive a oportunidade de cursar uma boa faculdade e fazer a FGV.
Lá eu pude ver a tremenda desigualdade social. Afinal, essa é uma das melhores faculdades de administração do país que prepara as pessoas para o cargo de liderança.
Onde está o problema disso?
Deixando de lado a questão social que é ainda mais grave, vejo que a falta de multiculturalidade nos cargos de liderança traz prejuízos notórios para as empresas.
Até então, como todas as organizações praticamente eram parecidas nesse aspecto, não havia como falar que a multiculturalidade era um diferencial competitivo.
Hoje já ficou mais fácil ter essa compreensão. Pois, muitas empresas já estão promovendo ações afirmativas para rever esse triste quadro social.
E aí entra uma questão bem interessante: elas estão se destacando das demais por conta da multiculturalidade nos cargos de liderança.
Como?
Simples. Quando o seu alto escalão tem pessoas brancas, negras, pardas, homens, mulheres, trans, enfim, é bem plural e heterogêneo, você tem uma visão muito mais ampliada do mercado consumidor.
Pense no seguinte: o mercado de consumo não é feito por um tipo só de pessoas, ainda mais em uma sociedade multicultural.
Logo, em tempos onde muito se fala sobre a experiência do cliente, e a empatia que é compreender a visão de mundo do consumidor, a pluralidade nos cargos de liderança faz toda a diferença.
Um jovem de classe média, nascido em bairro nobre, não tem a mesma perspectiva de mundo que alguém nascido na favela. A mulher não vê o mundo como o homem, e o trans muito menos.
Veja que cada um deles trará a sua própria perspectiva de visão, e isso ajuda a construir um relacionamento muito mais humanizado e colorido com o consumidor.
Sem multiculturalidade sua empresa estará fora do mercado
Se hoje a multiculturalidade é vista como um grande diferencial, chegará o tempo em que a empresa que não adotar a pluralidade nos cargos de liderança, estará fora do mercado.
Essa visão plural do mundo é crucial para ajudar a construir produtos mais personalizados e atendimentos mais humanizados, cada vez mais valorizados pelas pessoas.
Hoje eu vejo a multiculturalidade como um diferencial, e procuro aplicá-la em meus negócios. Mas acredito que chegará o tempo em que ela será vital para a sobrevivência de uma empresa no mercado.
E quando esse tempo chegar, ainda que a desigualdade social continuará existindo, ao menos ela não será entrelaçada com a desigualdade de gênero e nem de cor, e as empresas se tornarão mais coloridas e cheias de vida. Concorda?