Depois de tantos anos empreendendo, errando, aprendendo e recomeçando, cheguei à conclusão de que o sucesso de uma empresa não depende apenas de ideias boas ou estratégias bem executadas. Tudo começa nas atitudes.
É nelas que se revela a verdadeira mentalidade de quem empreende.
As ferramentas, os métodos e os modelos de negócio mudam o tempo todo, mas as posturas que sustentam um empreendedor de verdade continuam as mesmas.
A primeira delas é a coragem de começar. Parece óbvio, mas é justamente o ponto onde muita gente para. É fácil ter ideias; difícil é agir.
Quando decidi sair do Brasil e recomeçar minha vida na Irlanda, eu não tinha garantias, investidores ou certezas. Tinha um propósito e o desejo de fazer algo significativo.
Essa coragem — mesmo que acompanhada de medo — é o que separa quem sonha de quem realiza. Empreender é entender que o cenário nunca estará totalmente favorável, e que o primeiro passo precisa vir antes da segurança.
A segunda atitude essencial é a humildade para aprender.
Quando comecei, precisei aceitar o papel de aprendiz novamente — como garçom, como estrangeiro e, mais tarde, como empresário em um país que não era o meu.
A humildade é o que te permite ouvir, se adaptar e evoluir. Empreendedores que acreditam saber tudo acabam presos às próprias ideias.
Os que mantêm a mente aberta encontram caminhos que antes não existiam.
A terceira é a resiliência diante das incertezas. Empreender é conviver com o imprevisto. Há dias em que tudo dá certo, e outros em que tudo desmorona.
Aprendi que o que mantém uma empresa viva não é a ausência de crises, mas a capacidade de atravessá-las. A resiliência não é teimosia — é constância com propósito.
É continuar acreditando quando os resultados ainda não aparecem, porque você sabe que está construindo algo maior do que um negócio: está construindo um legado.
Outra atitude que considero indispensável é a empatia.
Nenhum empreendedor chega longe sozinho. Entender pessoas — clientes, parceiros, equipes — é entender o próprio negócio.
Na SEDA, percebi que o que nos manteve firmes não foi apenas um bom produto, mas a forma como tratamos as pessoas.
Empreender é, no fim, servir. É usar o que você cria para melhorar a vida de alguém.
E, por último, vem a coerência. O empreendedor precisa ser o primeiro a praticar o que prega.
Liderar pelo exemplo é o maior diferencial em um mundo que fala demais e faz de menos. A coerência entre discurso e atitude cria confiança, e confiança é o ativo mais valioso de qualquer empresa.
Com o tempo, aprendi que empreender é muito mais sobre quem você se torna no processo do que sobre o que você conquista.
As ideias evoluem, os negócios mudam, mas as atitudes certas — coragem, humildade, resiliência, empatia e coerência — são o que transformam uma tentativa em uma trajetória.




