Com o tempo, percebi que crescer é muito mais fácil do que permanecer inteiro.
A trajetória empreendedora, principalmente quando começa a dar certo, tem um poder sutil de te afastar de quem você era lá no início — daquele que sonhava, acreditava e fazia as coisas por um propósito genuíno, e não apenas por resultado.
A verdade é que o sucesso, se não for cuidado, cria uma distância perigosa entre o que você vive e o que você sente.
E foi preciso passar por alguns altos e baixos para eu entender que crescer não pode significar perder a essência.
Quando fundei a SEDA, tudo era simples: a vontade de ajudar pessoas a aprender inglês e encontrarem um caminho fora do Brasil.
Eu conhecia de perto o medo, as dificuldades e os desafios de recomeçar em outro país. Foi isso que me guiou em cada decisão. Mas, conforme o negócio cresceu, surgiram novas pressões — números, metas, investimentos, responsabilidades.
E, em meio a esse turbilhão, é fácil esquecer o porquê de tudo ter começado.
É aí que muitos empreendedores se perdem: passam a gerir uma estrutura, mas deixam de nutrir o sentido que deu origem a ela.
Crescer sem se distanciar exige consciência. É um exercício constante de lembrar quem você era quando ainda não tinha nada a provar.
O olhar do começo carrega algo que o tempo não pode substituir: autenticidade.
É aquele entusiasmo que faz você trabalhar até tarde, não por obrigação, mas por acreditar no que está construindo.
Com o tempo, a maturidade traz disciplina, e isso é ótimo. Mas se a disciplina não vier acompanhada de propósito, ela vira rotina vazia.
Aprendi que preservar a essência não é viver no passado, é manter viva a chama que te fez começar. É lembrar que os valores que te guiaram no início são os mesmos que devem te sustentar no topo.
Toda vez que me vejo sobrecarregado, gosto de revisitar memórias simples: os primeiros alunos, os primeiros dias na Irlanda, as conversas com quem acreditou em mim quando o projeto ainda era só uma ideia. Essas lembranças me ancoram.
Elas me lembram que o que me trouxe até aqui foi a verdade com que eu fazia as coisas — e não o tamanho do que construí.
O crescimento real não está apenas nos resultados, mas na capacidade de permanecer humano enquanto eles chegam.
Não faz sentido conquistar o mundo se, no processo, você se perder de si mesmo.
Hoje, acredito que o maior desafio de quem cresce é continuar sendo o mesmo em essência, só que mais consciente, mais maduro e mais grato.
Porque, no fim das contas, o sucesso que vale a pena é aquele que te permite olhar para trás e reconhecer o rosto de quem começou tudo e sorrir sabendo que ele ainda está ali, dentro de você.




